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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Basílica do Imaculado Coração de Maria, Rio de Janeiro, RJ

O Méier, como quase todo bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, é dividido em dois lados: o lado de cá e o lado de lá. Não sei se com todos acontece isso, mas ao menos comigo foi assim desde criança: o meu lado é o lado de lá. Não importa muito de que lado eu esteja. Mas o meu lado é o lado de lá.

Por isso, e para acabar ainda mais com as ambigüidades, geralmente usa-se pontos de referência para fazer saber o intelocutor de que lado você está falando. O meu lado do Méier, o lado de lá diga-se, é o lado do Bombeiros, do Jardim do Méier e da Igreja. Só há essas três possibilidades. Não que não haja mais pontos de referência, mas o Bombeiros pelo seu vermelho aceso, o Jardim pelo verde em meio ao cinza da cidade, e a Igreja pelo seu medievalismo cor de adobe são definitivamente os tons que pintam quando alguém pensa no lado de lá.

A Igreja do Imaculado Coração de Maria é, na verdade, uma basílica, que em arquitetura é o termo usado desde os helenos para designar um grande espaço coberto. Cristãos e afins se apropriaram do termo para intitular seus templos. Mas o que a Basílica Coração de Maria me lembra é, sem dúvida, um grande castelo medieval.

O fato de não ter as paredes pintadas, deixando aparentes o jogo dos tijolos com os vitrais e as serrilhadas nas torres me reportam diretamente aos romances de cavalaria à Suassuna. Mesmo porque, no fundo, o estilo da basílica não é tanto medieval, mas mais mourisco. Diz-se que é o único templo católico mourisco no Rio, quiçá no Brasil. Outros, por sinônimo, se referem ao único templo mozárabe.

Mas sua construção, é claro, não é tão antiga quanto as catedrais européias. Construída entre 1909 e 1929, pelo arquiteto e urbanista Adolfo Morales de Los Rios, o mesmo que no Rio do prefeito Pereira Passos já havia dado formas ao prédio da então Escola de Belas Artes (hoje Museu Nacional de Belas Artes), a igreja atualmente é ladeada à esquerda por um cruzeiro, construído pela família Sendas e doado aos fiéis e abriga ainda um brechó beneficente e a sede das reuniões dos Alcóolicos Anônimos do Méier.

Para quem não é católico (aliás, como eu), não custa (aliás, não custa nada mesmo!) admirar a beleza estética do prédio. Amém!



por: Viktor Chagas

Fonte: www.overmundo.com.br

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